tag:blogger.com,1999:blog-7904234991523706262024-03-12T20:51:54.600-07:00Um pouco de jazzR. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-32296083547281661472013-10-23T06:19:00.001-07:002013-10-23T06:35:45.399-07:00O Medo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.ideiademarketing.com.br/wp-content/uploads/2013/10/medo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.ideiademarketing.com.br/wp-content/uploads/2013/10/medo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="161" src="http://www.ideiademarketing.com.br/wp-content/uploads/2013/10/medo.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Meu batismo na vida adulta veio através de fortes dores de estômago. Me lembro de durante a adolescência conversar com uma amiga sobre não saber o que seria azia, por nunca ter sentido nada que pudesse ser chamado como tal. Conhecia a palavra, mas não entendia a sensação a que estava conectada. Descobri pouco tempo depois. Entrei na faculdade, arrumei um estágio e foi aí que o medo se instalou. Eu tinha medo de cometer algum erro. De ser chamada atenção de forma constrangedora. De errar a pronúncia do nome daquele diretor alemão. De não conseguir boas notas. De ser demitida. De bater o carro. De que um dia, ele parasse de ligar. Da morte. O medo que até então nunca havia se manifestado de tal maneira agora era boa parte de mim. Daí eu finalmente descobri o que era azia. Depois gastrite nervosa e depressão. Aí, como eu sou o tipo de gente que gasta um tempo tentando se entender, cheguei à conclusão que o medo é um sentimento muito adulto. Porque você sabe que no final tudo pode sim, dar errado. Porque sua família espera algo de ti. E seu chefe. E seus amigos. E seu par. E a sociedade toda. Quando eu tinha que apresentar algum trabalho eu temia não ter alguma resposta e que de alguma forma as pessoas chegassem a conclusão que eu era uma farsa. Aos 8, meu único medo era o escuro. Aos 28, eles são tantos que não cabe enumerar aqui. Eu sinto medo e não sabia. Tanto quanto eu também sinto ciúme e também não sabia. O lado bom disso é que depois de um tempo o medo deixa de ser paralisante (com raras exceções) para se tornar um sentimento motivador. O frio no estômago me joga pra frente. E sabendo que tem que ser feito, eu faço com medo mesmo. E coragem é isso, afinal. Sair da cama de manhã e fazer algo que existencialmente talvez não tenha um sentido maior. E apesar de todo o medo que sinto, eu também me divirto. E produzo. E vivo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-80231707549333002222013-05-01T18:01:00.000-07:002013-05-01T18:29:12.247-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://projecaoastral.com/wp-content/uploads/2012/06/NaBeiradaPiscina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://projecaoastral.com/wp-content/uploads/2012/06/NaBeiradaPiscina.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial;">À beira da piscina. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">Não me lembro exatamente como, mas que aconteceu,
aconteceu. Parecia ser um dia normal, monótono, até. Sem grandes expectativas,
epifanias ou arroubos de ódio ou paixão. Assim estava eu deitada à beira da
piscina com um livro nas mãos. Não me lembro qual. Poderia ser tanto um manual
de lingüística da língua inglesa quanto um exemplar em capa de couro de alguma
peça do Ibsen. Por trás dos óculos escuros eu observei o mundo ao redor.
Crianças rindo e jogando água uma nas outras, mães diligentes empurrando
carrinhos com recém-nascidos, adolescentes namorando debaixo das árvores,
adultos conversando banalidades. Pensei em toda a tristeza e miséria que via
nos jornais. Enquanto o mundo no que parecia ser minha redoma de vidro corria
tranqüilo. E foi aí que aconteceu. O mal secular que havia se instalado nas
minhas vísceras desde muito cedo se dissipou e eu pude ter um pequeno vislumbre
do quase sempre intangível lado bom da existência. Fechei o livro e examinei
meus pensamentos um pouco mais. Senti minhas dores evaporarem pelos poros. A
vida não seria fácil. É preciso ser muito tolo, cretino ou insensível para
afirmar tal coisa. O sentido permanecia oculto, contudo, seja pelos livros que
ainda leria, as pessoas que conheceria, os lugares, as sensações, as primeiras
vezes, as outras mil vezes, tudo seria uma aventura que valeria a pena, mas que
presenciar, protagonizar e experimentar aos poucos, um bocado de cada vez.
Senti o que só sentia nos momentos de grande excitação, seja a fonte que fosse.
Sentia os dedos formigarem. Gostaria de viver 300 anos daquele instante em
diante. Sabia que dificilmente passaria dos 100 e dado meus dias de fumante e
as bebedeiras ocasionais, os 80 já seriam uma proeza hercúlea. Ainda assim
aproveitaria sem culpa, pudor ou cinismo, talvez porque essas coisas já me
fossem passadas. Lutaria contra meu espírito, hospedeiro de uma quimera maldita
que insistia em jogar sobre meus ombros o peso de uma melancolia devastadora e
que sussurrava aos ouvidos que o momento de desistir estava próximo. Meu olhar
agora era atraído pela plataforma mais alta da piscina. Sorri ao vê-lo
concentrado em sua sunga azul. Nunca achara uma visão interessante homens de
sunga. Essa era uma peça para crianças pequenas ou adultos esquisitos. Mas concentrado,
de olhos semi cerrados, jogando os calcanhares para cima e para baixo antes do
salto, ele era para mim uma visão muito especial. 1,2,3.... Ele girou duas
vezes no ar e rompeu com o corpo a superfície da água. Veio nadando até beira e
eu enrolei a tolha naquele corpo, já decorado por mim há tempos e o abracei. E
foi assim. Sem algum grande feito da minha parte ou virada de mesa do destino
que eu me lembrei, graças a lampejos tão plácidos do cotidiano, que a vida até
que é bem legal e que o amor que vale a pena, é facinho.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;">R. Zampier</span>. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<br />R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-36990191273710690262012-11-29T15:45:00.001-08:002012-11-29T15:45:23.071-08:00Estação de Abandono da fé
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O trem sairia em instantes. Mas
não faria diferença adentrar um dos vagões ou permanecer na plataforma. Tudo
que acreditara reger seu universo havia desaparecido. Não havia mais sentido
algum no que quer que fosse. Sua mente, coração e espírito, acostumados a
funcionar para um mesmo fim agora haviam se divorciado. Não sentia tristeza,
nem dor. O que a desalentava era um vazio miserável, sufocante e constrangedor.
Não sentia mais fome, frio ou desejo pelo que quer que fosse. Era um cadáver
animado devido à inércia. Como seu corpo era acostumado ao movimento, assim
permanecia. Havia perdido a guerra de vez. Venceram a agressividade, a maldade,
a mentira, a feiúra, a covardia, a tristeza. Com isso seu espírito se tornou
árido. Suas lágrimas drenadas junto a qualquer sentimento que anteriormente
carregara consigo onde quer que fosse. O fogo que ardera dentro de si se
extinguiu. Sua parte que buscava o belo, a bondade, pureza e a bravura em todos
os instantes, desapareceu. A graça divina se pôs como o sol ao crepúsculo e não
tornaria a nascer na manhã seguinte. Diante de tudo isso ela não procurou
nenhum meio de fuga, nada que fizesse os músculos de seu rosto se retesarem num
sorriso efêmero, incompleto. O trem se aproximava. Ela sabia onde aqueles trilhos
terminariam. Ainda assim não sentiu medo. O trem parou e uma porta se abriu
diante dela. Fitou mais uma vez o inclemente céu de chumbo acima de sua cabeça
e entrou. Não se despediu, nem lamentou. E partiu.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<br />R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-12779244902645805852012-11-05T09:55:00.000-08:002012-11-05T13:15:00.938-08:00Nelly, I am Heathcliff<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-DOAFnBOp62U/UA2hAYUgfYI/AAAAAAAAAXM/Bfehdg-ufn0/s1600/1072206_com_mu0s18336d+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-DOAFnBOp62U/UA2hAYUgfYI/AAAAAAAAAXM/Bfehdg-ufn0/s320/1072206_com_mu0s18336d+%25281%2529.jpg" width="287" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p><o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda não encontrei romance de língua inglesa que eu goste mais que "O Morro dos Ventos Uivantes". Minha mãe tem
um gosto literário apurado e eu cresci ouvindo que deveria ler o romance de
Emily Brontë e a Leste do Éden, de John Steinbeck. Eram desde a adolescência
dois dos livros preferidos dela e há vários anos estão no topo da minha lista de favoritos também. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas voltando ao “Morro...” o
trágico romance entre Cathy e Heathcliff mexe muito comigo desde a primeira vez
que decidi lê-lo. Ato que procrastinei por mais de uma década devido ao título,
por imaginar que se trataria de algum romance barato de folhetim. Mas acredite, não há nada de barato nele. Heathcliff é
um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">outsider</i>, um menino cigano adotado
pelo pai de Cathy com quem desde a infância desenvolve uma dessas relações passionais demais para funcionar direito. O fruto do sentimento entre os dois e o relacionamento
frustrado é um ódio desmedido da parte dele. Heathcliff é o que chamam de herói
byroniano, em referência ao escritor Lord Byron, que se caracteriza como um
personagem que ainda que guiado por bons sentimentos é cínico, arrogante e
provoca a destruição de tudo e todos ao seu redor. Não é o tipo de estória a
qual um compêndio seja capaz de fazer justiça. É um desses livros que TEM que ser lidos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As citações do livro são famosas,
não só pelas várias versões cinematográficas (dentre as que mais gosto estão a clássica com Sir. Lawrence Olivier e uma feita para TV britânica com o Tom Hardy como protagonista). Essa deve ser a mais forte
de todo o livro: "Pois faço uma prece, hei de repeti-la até que minha
língua endureça; Catherine Earnshaw, que não encontres a paz enquanto eu
estiver vivo! Disseste que te matei, assombra-me então! Os mortos costumam
assombrar os seus assassinos. Acredito, sei que andam almas penadas pela terra.
Fica comigo para sempre, toma a forma que quiseres, enlouquece-me! Mas não me
deixes neste abismo onde não te posso encontrar! Oh, meu Deus! É inexprimível!
Não posso viver sem a minha vida! Não posso viver sem a minha alma!"</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A estória de amor do livro não é
algo que ninguém almeje para si. É tão trágica quando bonita, frustrada e disfuncional e para piorar, não tem final feliz. Não busque redenção no morro. Não encontrará lá. No entanto é
uma obra que volta e meia me chama do alto da prateleira do meu quarto e eu leio e releio ao menos algumas páginas
sempre que sinto vontade. Talvez porque entendo Cathy cada vez que penso em
suas palavras a Nelly e me reconheço nelas. Porque "eu sou Heathcliff" também. </div>
<br />R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-88629185595171116382012-09-24T05:26:00.001-07:002012-09-24T05:28:18.620-07:00Virginia Woolf<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://img.estadao.com.br/especiais/6F/F9/1D/P6FF91D1AD392427A8D8A6FDAEAF58053.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://img.estadao.com.br/especiais/6F/F9/1D/P6FF91D1AD392427A8D8A6FDAEAF58053.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não sou a pessoa mais festiva em
semana de aniversário e normalmente parece que é necessário que algo sério
aconteça para que eu saia da minha redoma de autocomiseração nessa época. Não
tem uma explicação clara, mas completar primaveras tradicionalmente faz eu me
sentir num grau de depressão que só Virginia Woolf entenderia. Alguns anos
atrás eu estava me lamentando no quarto quando de repente tocaram a campainha
pra avisar que a cobertura estava pegando fogo. Eu dei um grito, chamei meu padrasto
e ele subiu feito um louco pra ver. Na verdade o incêndio vinha do apartamento
da frente que teve a área externa bem afetada, mas não chegou ao nosso. Ainda
assim os vizinhos se aglomeraram na rua assustados, uns gritando que tinha um
cachorro lá em cima e um deles até chegou a fazer menção de derrubar a porta
pra ver se ainda tinha alguém em casa, mas os bombeiros chegaram e fizeram o
trabalho necessário. Apesar da comoção o prejuízo da proprietária foi apenas
financeiro, o que devido ao estrago, representa uma boa notícia. Mas fato é que
nesse dia eu sempre acabo pensando que as coisas não estão como gostaria. Minha
mãe sempre faz minha torta de frutas preferida, meus parentes e amigos me
abraçam e recebo ligações de quem nem sabia que se importava. Me sinto querida num nível que me causa uma certa culpa, não me pergunte porque. Daí eu acabar precisando
de um empurrãzinho pra me tirar da inércia quando a data se aproxima e
normalmente vem em forma de algum choque. Agora que ele veio eu saí do estado
semi vegetativo para o amplamente acordada. Sinto muito Mrs. Dalloway, mas
antes de encher meus bolsos de pedras e entrar num rio, eu escolho continuar
dando minhas braçadas em mar aberto. </div>
<br />
<br />
Rafaela Zampier.R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-89371014553304501702012-09-14T07:40:00.000-07:002012-09-14T11:17:57.868-07:00A Andarilha<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.downloadswallpapers.com/wallpapers/2012/julho/grande-estrada-e-belo-sol-wallpaper-13466.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://www.downloadswallpapers.com/wallpapers/2012/julho/grande-estrada-e-belo-sol-wallpaper-13466.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela tinha a alma de um andarilho.
Todos os dias se levantava e voltava à estrada. Esta era sinônimo de ter os pés
firmados no chão. Mantê-los sempre em movimento constante, porque movimento – e
isso é algo que ela sabe bem- é vida. Caminhava e não sabia exatamente onde
queria chegar. A estrada é que possui algo de poderoso, metafísico, magnético,
não o fim do caminho. Gostava de sentir o vento nos cabelos, o sol em sua pele
e de não criar raízes. Gostava de se banhar no rio e saber que ainda que
retornasse ao mesmo, aquelas águas não seriam as mesmas e tampouco ela seria.
Seu senso de liberdade ficou cada vez mais amplo e estava em todo o lugar. Era
o oxigênio que consumia. Tinha para ela o devido valor que só tem aquele que já
foi cativo. Nenhum dos seus dias eram iguais. Cada um vinha com uma nova
paisagem, novas pessoas, novas experiências. Não havia a necessidade de se
apegar a nenhuma dessas coisas. Não era que fosse insensível, é que cada coisa acrescentava
e se mesclava ao que ela era e assim ela as carregava consigo onde quer que
fosse. Nada possuía e a ninguém pertencia. Era uma silhueta evanescente na
estrada, tão tangível quanto a melodia de uma canção ou o vapor suspenso do
solo quente que distorce a visão como numa miragem. Na estrada ela encontrou
vida e ainda nela encontraria a morte. Que o céu leve sua alma um dia, e que à
beira da estrada descansem os seus ossos. Na estrada plantou, frutificou e
colheu. Nada armazenou e tudo compartilhou. Hoje seu epitáfio de pedra à beira
do caminho é cercado de flores do campo nascidas da vegetação rasteira e nele
lê-se em latim: “Depois da longa espera, o retorno.” Cada um que por ali passa
se lembra dela, não com pesar, mas com leveza, e há quem jure ainda ouvir sua
risada na brisa. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Rafaela Zampier. </div>
<br />R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-48774783103622866502012-07-11T05:56:00.000-07:002012-08-10T10:56:17.443-07:00Quando o amor chega<span style="font-family: "Arial", "Helvetica", sans-serif;"><span style="font-size: small;">O amor chegou sem avisar. Destruiu muralhas a muito
erguidas, passou pelas frestas da porta e das janelas. Soprou oxigênio novo em minhas
narinas e penetrou em minha pele. Me deu pulso e imediatamente corou
minha face.Realinhou minha coluna, que até então passara anos retraída, de
maneira que eu desviava os olhos do mundo, envergonhada pela minha postura
amedrontada e servil. Fez desaparecer minhas olheiras porque se antes eu não dormia, hoje
meu sono é leve, sereno. O amor fortaleceu meus ossos, me livrou da cegueira e
do cinismo. Me fez trocar Nietzsche por Jung e todo meu blues por bossa e jazz.
O amor nada me roubou ou pediu algo em troca. Se diferenciou das paixões
violentas e possessivas, movidas pelos hormônios em ebulição e insegurança de
outros tempos. Ele trouxe cor aos dias cinzas e fez silêncios antes incômodos se transformarem
em instantes de confortável paz. O amor me despiu de cada uma das minhas armas,
limpou minhas feridas e pagou minhas dívidas. Quebrou os grilhões que me prendiam
e faziam meu fardo pesar sobre o solo. O amor me livrou dos medos, dos vícios e
das dores. Me trouxe de volta à tona e eu pude respirar novamente. Me fez
repousar em campos verdejantes e sentir seu perfume suave, tão diferente do
cheiro de fumaça e enxofre a que eu já me acostumara. O amor me fez descansar
a cabeça em seu ombro e me acolheu junto ao peito, ainda que eu inundasse sua
camisa com minhas lágrimas e sua atmosfera com minha falta de jeito. Me deu um
novo nome, </span></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial", "Helvetica", sans-serif;"><span style="font-size: small;">cabelo de anjo e hálito de bebê*</span></span></i><span style="font-family: "Arial", "Helvetica", sans-serif;"><span style="font-size: small;">.
Me fez sentir inteira e renovou todas as coisas ao redor. Transmutou madeira
lascada em pátina dourada e brilhante. E eu sorri para ele, dei uma piscadela e
lancei um beijo. Caminhei por ruas que deveriam ter os nossos nomes, fui para a casa, me deitei e adormeci. </span></span><span style="font-family: "Arial", "Helvetica", sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span><br />
<span style="font-family: "Arial", "Helvetica", sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial";"><span style="font-size: small;">*da
música Heart Shaped Box, Nirvana.</span></span><span style="font-family: "Arial"; font-size: 14pt;"> </span></div>
<span style="font-family: "Arial", "Helvetica", sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span>R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-2458948160230300092012-05-29T12:39:00.000-07:002012-05-29T18:50:43.977-07:00<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Para ele: </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Ainda mais difícil que se afastar, era tirar de sua vida todos os vestígios dele. Os livros preferidos, os filmes, a risada, o cheiro de seu perfume misturado ao dela cada vez que se abraçavam. A lembrança de dias pesados que se tornavam suaves na compania dele. As tardes, as noites, as manhãs... a sensação que o tempo congelava e o mundo inexistia fora daquele quarto, do cinema, do c</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">afé, do banco da praça. Bem como a velha sensação que o universo é um lugar frio e feio, mas enquanto o via se barbear no espelho e ajeitar os cabelos para trás era impossível se lembrar dessas coisas. Não havia o mal estar de existir, esse cancro que devora coração e alma de quem tem a ousadia de sonhar alto demais. Nada além de beleza e poesia que colocam tudo em seu devido lugar, harmoniosamente. Se aquilo era amor ou cilada seu espírito não saberia definir, mas era como mágica. Um truque do Houdini que atesta que antes da ilusão vem o encantamento. Aqueles eram dias doces, serenos. Os tais que os adultos depois de anos, envelhecem e contam a seus netos. Dias que endossam a ideia do poeta ao afirmar que a vida é mais que uma sucessão tediosa de terças-feiras."</span>R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-37601837268839045842012-04-19T14:33:00.001-07:002012-04-19T14:36:25.203-07:00Jack and Jill<p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 100%; ">Achava engraçado se lembrar com tanta suavidade daquele tempo. Enquanto aqueles anos faziam parte do presente trazia tensão, rancor, náuseas, ansiedade e toda gama de coisas que acompanham períodos chamados difíceis. Por alguma razão, seja a passagem de tempo ou a maturidade que acompanha a queda da areia na ampulheta, ela conseguia olhar para trás com tranqüilidade. Assim que saiu do banho quente e passou os dedos no vapor d’água no espelho decidiu que era hora de revisitar aquelas lembranças. Vestiu uma camisola, secou os cabelos castanhos e compridos e se deitou na cama.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">A primeira lembrança que lhe ocorreu datava de setembro de 1997, como poderia acusar a fotografia guardada dentro de um dos livros na estante acima da mesa de seu quarto. Eram ela e Jack deitados numa toalha de <i>richelieu</i>, num gramado, num desses dias gostosos onde ainda faz um pouco de frio e a luz do sol se exibe exuberante, dando ao mundo todo, um tom dourado. Sabia exatamente onde estava, num exemplar que reunia uma série de reportagens da extinta <i>Cahiers Du Cinéma</i>, bem no início de um texto bonito sobre o Truffaut. Ainda que se lembrasse com exatidão, não quis pegar a fotografia. Também não se desfaria dela, mas que ficasse exatamente onde estava. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Voltando àquele dia de setembro, Jill se lembrou do sinal tocar enquanto caminhava pelo corredor da escola. Poderia se lembrar de cada detalhe do lugar. Até do cheiro de flores do campo que adornavam o pátio. Enquanto durasse essa sua volta ao passado era ali que vivia agora. Foi nesse instante que sua atenção se voltou apenas para ele. Aquele rosto. O que por anos lhe foi o mais familiar. Era Jack sorrindo do outro lado do corredor de onde sempre encontrava Jill entre o intervalo e a quarta aula. Ela foi até ele que sorriu e a beijou, como sempre fazia, encostando-a com delicadeza no armário. Ela passou um dos braços em volta de seu pescoço. Apenas um. O direito estava engessado devido a um pequeno acidente envolvendo um skate e sua inaptidão em manter-se equilibrada em cima daquilo. Não foi um beijo tão demorado, nem tão quente quanto seriam os posteriores, que aconteciam sempre que tinham a chance de ficar um tempo sozinhos. Mas era desse que se lembrava bem. Como ele era bonito. Tinha os cabelos lisos e compridos até a altura dos ombros, o tom num castanho avermelhado e um par de olhos que ia do castanho ao verde sempre que a luz variava. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">A última vez que o vira foi num café no centro da cidade há alguns meses atrás. O cabelo agora curto havia se tornado grisalho, exibia uma barba bem cuidada, vestia camisa social e gravata e lia um jornal. Jill passou quase sem reconhecê-lo e foi se sentar numa das poltronas marrons próximas a tabacaria do café. Abriu seu exemplar novinho em folha de <i>Madame Bovary</i> e pediu um <i>capuccino</i>. Usava um vestido azul turquesa, brincos de argola e maquiagem leve. Tinha o cabelo preso num coque, apenas com alguns fios de sua franja delineando seu rosto. Ainda que já contasse com seus 29 anos, ainda ostentava o mesmo rosto de menina e eflúvios de Carolina Herrera. Por um instante se perguntou se o homem de aparência distinta, o agora semi-desconhecido há algumas mesas dela, ainda usava o mesmo perfume daquela época. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Cerca de 50 minutos e várias páginas do livro que tinha em mãos passaram e ela olhou o relógio. Tomou ciência do horário e se apressou. Deveria encontrar Luke no museu em 5 minutos. Passou pela versão adulta daquele Jack que há muito não era o dela. Repeliu o desejo que sentiu de olhar para trás e caminhou em direção a saída sem reparar no quanto aquele rosto havia mudado, nem ter a chance de se apegar a detalhe algum de quem ele era agora. Pagou o capuccino e saiu. Simples assim. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">A última lembrança que lhe ocorreu foi do apartamento que dividiram na cidade. Dos primeiros dias enquanto ele se encantava com o fato dela levantar sempre de excelente humor, cantando alguma melodia como <i>shake, rattle and roll</i> ou caminhando pelo apartamento vestindo alguma camisa dele. Já Jill se encantava com aquele queixo quadrado que dava a Jack feições como as de astros de Hollyood durante a era de ouro, ou vendo o reflexo dos cílios em seu rosto mal barbeado enquanto ele dormia. Jill se lembrou com ternura e um certo aperto no coração dessas coisas. Sabia que o <i>happy end</i> que por anos fora anunciado não viria e lhe veio à mente a canção de Léo Ferre que diz: “<i>Avec Le temps. Avec le temps, va, tout s'en va</i>”. Com o tempo tudo vai embora. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Não saberia dizer ao certo como nem quando se perderam um do outro. Talvez nas inúmeras brigas, onde ficava claro que o amor juvenil de tempos atrás havia se diluído em paixão controladora e mesquinha de ambas as partes. Jill perdeu a alegria de acordar nas manhãs e Jack deixou de lado a maneira carinhosa como olhava para ela. Chronos, Eros ou algumas dessas divindades sem compaixão os desarraigaram dos Campos Elísios e os fizeram afundar em algum rio do Hades. Só cabia a um deles admitir isso. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Jill lembrou-se dessas coisas uma última vez enquanto repousava em sua cama logo abaixo de uma réplica de um dos jardins impressionistas de Monet. Se permitiu chorar uma última vez por quem eles foram um dia. Levantou-se, pegou o livro com a fotografia dos dois, vestiu o robe pérola que estava pendurado no canto do quarto e foi até a sacada. Ignorou o frio congelante que fazia aquela noite. Abriu o livro e encarou a foto uma última vez. Sorriu e continou a olhá-la por mais um instante, depois picou em pequenos pedaços, os juntou na palma de sua mão direita e viu o vento levar para longe pedaço a pedaço daquela recordação de 13 anos atrás. Assim se despediu da lembrança que tinha de seu Jack. Dessa vez para sempre. Entrou novamente no apartamento e foi ler uma revista sobre frivolidades no sofá. Sua expressão era imperturbável, como se aquela fosse uma noite qualquer e nenhuma daquelas memórias tivessem sequer existido. </p>R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-21580884949873073652012-01-22T06:15:00.001-08:002012-01-22T07:05:53.235-08:00The Blues: Better listen it, than get it.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidPIqXW_KATR08TtC7kmzIxXOXxPVU9O9UOHMjd1BuNm4Zsv5T6QAsnwZyci4pg82idbwgvIUu02H4AEch-l2U5wo-wG1lf7TSJJFfx98TopIFGSLnbIDCHaVbbMfYvsaMb2WbSIWHblc0/s1600/etta.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidPIqXW_KATR08TtC7kmzIxXOXxPVU9O9UOHMjd1BuNm4Zsv5T6QAsnwZyci4pg82idbwgvIUu02H4AEch-l2U5wo-wG1lf7TSJJFfx98TopIFGSLnbIDCHaVbbMfYvsaMb2WbSIWHblc0/s320/etta.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5700465970465406194" /></a><div><br /></div><div style="text-align: justify;">Me apaixonei pela trinca jazz, blues e soul na faculdade graças a um mesmo amigo que me apresentou de forma mais intensa aos filmes do Woody Allen. Diogo é um grande admirador do jazz e através de nossas conversas, minha curiosidade e interesse a respeito só cresceu. Tempos depois fiz amizade com um santista fantático, conhecedor de música erudita e <i>blues man</i> de mão cheia, chamado Diego Martins, que posso dizer que foi quem melhor cultivou minha vontade de ouvir o estilo musical que ele não apenas aprecia, quanto também cria. Foi numa de nossas muitas conversas que eu conheci Etta James, através de links compartilhados do <i>youtube</i> e me apaixonei de maneira instantânea por ela. A voz forte, profunda, por vezes passional e sofrida, conduzida por melodias suaves ou aceleradas, me fisgou no ato e eu passei a não só ouví-la ao lado de outras divas do Jazz como Ella e Billie, como também a ler e ter conversas constantes sobre ela.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Miss Peaches, como era carinhosamente chamada pela turma do jazz/blues, cresceu como filha de pai ilegítimo e nasceu na Califórnia, (apesar do que pode sugerir o apelido, já que o pêssego é a fruta-símbolo da Geórgia) começou soltando a voz ainda bem menina numa igreja batista chamada Echoes of Heaven (nada mais apropriado na minha opinião). Como é quase um clichê no mundo da música e porque não, em boa parte do mundo real, teve sérios problemas com drogas, depressão e romances fracassados que só aumentaram em intensidade suas apresentações e o caráter quase mítico de sua persona. Aos 73 anos e com um quadro de leucemia e demência, Etta deu seu último suspiro há apenas 2 dias atrás. Deixou a vida para se juntar aos arcanjos e querubins no paraíso, onde só posso imaginar que deve ter sido recebida com uma grande festa. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A arte, tal como a fé, eterniza o que a vida leva e é com certeza que afirmo que Etta James não será esquecida. Certa vez, enquanto fazia uma compra na "Telha Norte" lembro do Diego comentar que enquanto caminhava pelos corredores, os auto-falantes da loja começaram a tocar <i>Stormy Weather</i> na voz da diva e ele como um bom fã, sentiu nada menos que euforia naquele instante. Fato esse que representa uma alegoria perfeita ao fato de que o romance e o blues estão em todo lugar e preenchem todo e qualquer ambiente.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Link de Stormy Weather : <a href="http://www.youtube.com/watch?v=KgdJjvWIlJg" style="text-align: left; ">http://www.youtube.com/watch?v=KgdJjvWIlJg</a> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-83280501536538623662012-01-20T05:06:00.000-08:002012-01-20T05:36:20.693-08:00Menos Luiza, que está no Canadá...<div style="text-align: justify;">Luiza voltou do Canadá e o surto na rede social que antes era de riso, agora parece ser de culpa. Muita gente se corroendo porque o Brasil inteiro riu junto da piada, inclusive a grande "intelectualidade do facebook e do twitter" que agora endossa as palavras do jornalista Carlos Nascimento, âncora do Jornal do Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=j_CUqLslASQ">http://www.youtube.com/watch?v=j_CUqLslASQ</a> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A verdade é que já fomos mais inteligentes sim, mas fomos mais tristes também. Parte da futilidade e superficialidade do que há na rede ou em programas de televisão funcionam feito uma lufada de ar fresco numa estiagem e foi gostoso rir de algo bobo assim, nem que seja só pra dar uma variada. Nem tudo é seriedade, profundidade e reflexão. Eu acho é que foi divertido toda essa avalanche de comentários sobre o tema, fenômeno típico dessa geração conectada que é a nossa. As risadas com a Luiza se espalharam mais rápido que um surto de dengue nesse verão ou a epidemia do crack nas capitais e foi delicioso rir de algo leve, bobo e livre de pretensão, só pra dar uma variada. Além do que, ainda foi espontâneo e livre de grosseria e estupidez como o comentário do Rafinha Bastos sobre o bebê da Wanessa Camargo, por exemplo. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Me lembro de uma vez ter lido uma reportagem na extinta revista da MTV que falava sobre como as festas de música eletrônica não passam muito de uma desculpa para se drogar, cujo título era: "Estão querendo acabar com o seu direito de dançar." </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Pelo jeito a coisa está ficando mais séria e posso dizer: Querem acabar com seu direito de rir! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A quem a seriedade for um item de extrema importância, que caia a culpa por participar da piada, mas eu me reservo o direito de cobrar menos de mim mesma e sorrir do que é leve e superficial, já que a vida é bem como um sopro e nem tudo precisa ser tão carregado quanto um filme do Bergman.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-43828443203415544352011-08-25T13:47:00.000-07:002011-08-25T13:51:40.866-07:00Sweet and tender Hooligan<a href="http://colunistas.ig.com.br/livros/files/2011/02/humphrey-bogart-o-falcao-maltes4.jpeg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 369px; height: 512px;" src="http://colunistas.ig.com.br/livros/files/2011/02/humphrey-bogart-o-falcao-maltes4.jpeg" border="0" alt="" /></a>
<br /><div><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Há alguns meses atrás eu fui apresentada aos livros de um escritor cuja literatura foi descrita como forte, violenta, masculina. Em pouco tempo eu decidi conferir a primeira parte das chamadas Crônicas Saxônicas, volume intitulado “<i>O Último Reino</i>”.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Como pra mim boa literatura é sempre composta por camadas e identificação, o que mais mexeu comigo foi algo no estilo do autor Bernard Cornwell, que constrói seus personagens masculinos sempre de maneira muito rígida, o que me fez pensar nos homens fortes, repletos de honra, bravura e dignidade, capazes de nutrir a admiração dos outros machos-alfa e arrancar suspiros das mulheres. Esses são aqueles que desafiam e instauram a paz ou a espada, mas indubitavelmente terminam com a mocinha em seus braços. </p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Culpem as mães, a criação cheia de mimos das avós, a pós-modernidade ou o que for, mas fato é que a figura do homem correto e bom, mas livre de frescuras que muitas vezes são de gosto duvidoso mesmo dentre as mulheres, tem sido cada vez mais considerado como item em extinção. Daí o que sobra são os bonitinhos que demoram mais tempo que a gente pra se arrumar, pedem cubas libres virgens (sem álcool) e com coca zero no bar por medo de engordar e nos convidam para ver alguma comédia romântica boba no cinema, como se fosse um convite irrecusável. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Longe de mim apoiar o machismo ou qualquer coisa que se assemelhe, mas essa coisa de cara cheio de “mimimi” me dá um pouco nos nervos. Sinto falta dos homens fortes que passam pela nossa vida (seja o avô, pai, amigos ou namorados) e nos transmitem aquela sensação característica de proteção, força e ternura. Que nos arrebatam com seus olhares de soslaio, pedem um scotch puro malte no bar e caminham de maneira confiante. Algo como um Humphrey Bogart ou o Marlon Brando como o polaco de jeitão rústico de <i>Um Bonde Chamado Desejo</i>, esses sim representantes do tipo que vale a pena nutrir alguma fantasia a respeito. <span> </span><span> </span></p><p></p></div>R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-4959118498996263792011-08-15T12:34:00.000-07:002012-01-15T09:01:37.147-08:00Melancholia (2011)<div style="text-align: center;"><img src="http://miltonribeiro.opsblog.org/files/2011/08/melancolia_abre.jpg" /> </div><p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right">“A Terra é má. Ninguém vai sentir falta dela.”- Justine. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Melancolia. O sentimento de tristeza conhecido por uma vasta maioria de seres humanos, é uma das faces da depressão de Lars von Trier, o fantasma pessoal mais recentemente visitado pelo diretor não só em seu último filme como também em seu trabalho anterior, <i>Anticristo</i>, este talvez o mais hipnotizante pesadelo cuja projeção eu tive a oportunidade de contemplar. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Diferentemente do filme de 2009 também estrelado por Charlotte Gainsgbourg, em <i>Melancolia</i> a agressividade abre espaço para a apatia. É plena a ausência de reação e vontade que toma conta de Justine (Kirsten Dunst) no dia de seu casamento e cabe a Claire o papel de cuidar da irmã deprimida e de forma magnética, tentar atraí-la para a realidade bonita de uma cerimônia dos sonhos realizada num bucólico Château europeu. Obviamente o esforço da irmã mais velha se mostra inútil. Não há panacéia para o mal interno que devora Justine, tanto quanto não há como evitar a ameaça exterior do Melancolia, planeta que a cada instante se aproxima da Terra, definindo uma rota cujo ponto final implica na destruição de toda vida terrestre. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Pouco há de convencional nos filmes do diretor dinamarquês. Seus personagens ainda que presos a uma pele aparentemente frágil, pintam e bordam diante das situações e demonstram todo seu desprezo pelas convenções sociais. Até certo ponto, é isto o que move Justine na primeira parte do filme, embora claramente não o faça de maneira ativista, com o anseio de colocar abaixo os castelos de areia das relações humanas, mas apenas pela honesta tentativa de ainda sentir algo que a tire de sua inércia, seja raiva ou desejo, porque qualquer coisa parecida com alegria seria pedir demais. É esse sentimento de falta de pulso que faz a platéia temer tanto uma identificação. Afinal, o que pode ser mais assustador que perder todo e qualquer interesse pela vida? </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Assumidamente um admirador dos mestres Andrei Tarkovski e Ingmar Bergman, Lars von Trier faz de <i>Melancolia</i> um monumento de referência aos dois diretores. O primeiro através da forma do filme, na beleza das imagens criadas por von Trier. A câmera lenta, leve, captando um movimento quadro-a-quadro de maneira admirável, bem à moda do diretor russo. Já a presença bergmaniana pode ser sentida através do conteúdo cinematográfico, na medida em que a relação entre Justine e Claire remete o cinéfilo a <i>Persona</i> (1966) em que as personagens de Liv Ullmann e Bibi Andersson trocam de personalidade. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Com a certeza do fim implacável, depois de muito lutar para tentar proteger o filho da morte, Claire se entrega e convida a irmã para tomar uma bebida no terraço enquanto esperam a morte inevitável. A reação instantânea que Justine esboça em seu rosto ilustra bem o sentimento que me tomou ao final da projeção. Afinal, se a vida na Terra é má e sua falta não será sentida, então não há porque se lamentar ou buscar camuflar o terror tomando drinques na sacada do suntuoso castelo, cujos muros são incapazes de proteger seus habitantes do apocalipse anunciado. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p>R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-53131567044854421482011-01-24T10:27:00.000-08:002011-01-24T15:25:25.405-08:00Sentimentos, devaneios, Charles Dickens e Emily Brontë. Cinema Europeu. Poltronas. Praia num dia nublado, talvez chuvoso. A gota que se mistura ao oceano, mas pouca gente se lembra que o oceano também se mistura à gota. Gratidão. A velha camisa xadrez e o eterno suéter vinho. Francês. A brisa carregada de leveza que balança os cabelos. Kurt Cobain e Cat Power. Aretha... por favor.. faça uma prece para mim, ok? Silêncio bergmaniano, non sense de Buñuel. A beleza do lótus branco com a simplicidade da flor que antes de brotar na terra, nasce no céu. Risadas, sussurros e pouca bagagem. Afinal de contas... meus caminhos também não cabem nos trilhos de um bonde.R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-81985353246716970412011-01-24T09:59:00.000-08:002011-01-24T10:08:12.792-08:00"Não posso ouvir Wagner...fico com vontade de invadir a Polônia." - Woody Allen.R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-790423499152370626.post-72704013083191917292010-11-19T16:35:00.000-08:002010-11-19T16:39:09.745-08:00Conversa com Deus.Então, antes de dormir ela se ajoelhou e agradeceu por todas as bênçãos que tem recebido ao longo de seus 25 anos.<br /><br />Primeiro fez a prece no idioma de Camões. Depois em francês porque soa bonito. E para completar, em aramaico. Só para garantir.R. Zampierhttp://www.blogger.com/profile/07173949368458230265noreply@blogger.com0